Tenho conversado com muitas pessoas sobre coaching, antigos amigos, novos amigos, parceiros de trabalho, clientes, colegas coaches, supervisores, mentores, e por aí vai, a lista é grande.

Algumas dessas pessoas me falam: “o que você faz mesmo?”, “porque você não usa outro nome para o que faz?”, “coaching está muito banalizado, vocês só vendem promessas”. 

Após 27 anos de carreira profissional na área de saúde, inúmeras horas de atendimento de pacientes crônicos, algumas especializações, alguns cursos internacionais, formação terapêutica, mestrado, início de Doutorado, me vejo com a responsabilidade de esclarecer um pouco sobre o coaching em saúde, que pratico desde 2010.

AFINAL O QUE FAZEMOS E COMO FAZEMOS?

1) O coaching em saúde e bem estar que praticamos e ensinamos segue as diretrizes internacionais do National Board  for Health and Wellness Coaching (NBHW) que desde 2010 pública diretrizes de atuação, boas práticas e código de ética. Desde 2017 certifica coaches e acredita escolas de formação. (https://nbhwc.org/ para quem quiser dar uma olhada). Além disso, cada um de nós segue as diretrizes éticas de nosso conselho de classe como especialistas em saúde.

2) Nosso trabalho é voltado à pessoas que desejam ou precisam modificar hábitos em seu estilo de vida e/ou autocuidado em saúde para ter um estado melhor de saúde, bem-estar e auto gerenciar doenças crônicas vivendo uma vida mais plena.

3) Falando em ética, trabalhamos preservando a confidencialidade, em parceria com equipes de saúde, identificamos e apresentamos nosso background e formação de maneira transparente, somos treinados para identificar se o coaching é de fato a melhor abordagem em cada caso e encaminhamos para outros profissionais quando necessário, permanecemos atentos a todo e qualquer conflito de interesse que possa interferir em nossa relação com o cliente, não vendemos produtos associados ao programa de coaching, não nos envolvemos de maneira romântica ou sexual com nossos clientes, somos compromissados com o desenvolvimento continuado e por isso fazemos supervisão e /ou cursos de atualização com frequência.  (https://nbhwc.org/wp-content/uploads/2015/03/Final-Code-of-Ethics-Feb-1-ICHWC.pdf)

4) O trabalho maior é do cliente,  que ao passar pelo processo ativa toda sua coragem para olhar a si próprio e fazer novas escolhas diariamente, não há milagres, há muito trabalho, o coach atua como um facilitador dessas descobertas utilizando técnicas efetivas de comunicação e mudança comportamental em saúde (baseadas em evidências e com longa história de publicações científicas por sinal), como disse não vendemos milagres, nossa prática é baseada em evidências. Coaches em saúde e bem-estar devem ter uma formação específica, que inclua: o treinamento nas técnicas e competências de coaching e nas abordagens teóricas principais que subsidiam a nossa prática profissional (algumas delas: Entrevista Motivacional, Modelo Transteórico de Mudança de Comportamento, Comunicação Não-Violenta, Terapia Cognitivo Comportamental, Teoria da Aprendizagem Social, entre outras). Esse conhecimento não é aprendido e incorporado sem a presença de prática supervisionada, capacidade de desenvolver e criar seus próprios protocolos e sem a transformação do próprio estudante (futuro coach) ao entrar em contato com seus próprios desafios e mudanças. Dito isso, uma formação em coaching de saúde que seja excelente não pode acontecer em um encontro de final de semana, a dedicação e investimento pessoal são bem maiores do que 48 horas de vida.

5) Coaches em saúde devem ser capazes de se relacionar e interagir com as equipes de saúde que já cuidam dos pacientes (quando for o caso) de modo colaborativo, interativo e construtivo.

Enfim, compreendo a preocupação crescente com a má prática, que coloca em risco o cliente e todos os envolvidos, mas precisamos pontuar do que estamos falando. Antes de criticar ou escolher um coach de saúde e bem-estar procure conhecer mais sobre sua história, formação e compromissos éticos, isso é fundamental para valorizarmos a boa prática e deixar a má prática acabar sozinha, por regulação de um mercado exigente e bem informado.

Sou coach em saúde e bem-estar, minha trajetória também me permite me apresentar como educadora, como terapeuta corporal, como supervisora e como acadêmica. Mãe, mulher, amiga, e muitos outros papeis.

De fato, o que me identifica atualmente é a troca de valor baseada na ética do cuidado, nas relações de abundância, onde todos são beneficiados e, em especial, saem de cada troca mais realizados e capazes de serem pessoas melhores no mundo, para si próprios e para suas relações com os outros.

Adoraria receber inputs e reflexões sobre esse artigo de modo a construir coletivamente uma discussão que possa valorizar o coaching em saúde e bem-estar no mercado de saúde.

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