Em busca de saúde, encontrei-me com InnSaei, a palavra islandesa para intuição.

Meus últimos 12 meses tem sido intensos, inquietantes e desafiadores.

Em alguns momentos olho para trás com curiosidade e gratidão, em outros respiro fundo para manter-me no meu centro e dali operar os desafios presentes.

Só sabe da real complexidade do sistema de saúde quem nele está inserido de alguma forma, e quando mergulhamos mais a fundo dá um medo gigante de não conseguirmos desatar esse nó coletivo. Otto Sharmer nos diz que estamos criando resultados coletivos que individualmente nenhum de nós desejaria, então por onde começar?

O coaching me ensina que o caminho está no cliente, no paciente, e não no sistema. Muito tenho aprendido com meus clientes, corajosos, dispostos a aprender mais sobre si mesmos e a enfrentar seus medos, dificuldades e sombras. Fazer mudanças no estilo de vida é apenas a parte do iceberg acima da água, quando é possível navegar nos níveis mais profundos vemos as mais lindas e sustentáveis mudanças acontecerem.

Busco continuamente compreender e refletir sobre essa prática profissional que me permite apoiar as pessoas em suas belas jornadas e o que aconteceu nos últimos meses foi que me vi a navegar minha própria jornada de aprendizagem, que ainda não chegou ao fim, se é que há fim, mas acredito em fases, em ondas de mudança, desejo chegar ao fim dessa pequena parte ao menos.

Fui muito estimulada a rever meus conceitos de saúde no ano passado ao retomar os estudos sobre a visão sistêmica da vida, e me encantei ao reler Capra e escutá-lo no curso A visão sistêmica da vida. Na perspectiva sistêmica, saúde é “o equilíbrio dinâmico dos aspectos físicos e psicológicos do indivíduo na sua relação com seus ambientes social e natural” (Capra, 1980). A partir dessa perspectiva, a doença seria um convite criativo da vida para que possamos compreender esses desequilíbrios e atuar sobre eles. Desde então o coaching em saúde para mim passou a ter toda uma nova perspectiva e tornou-se um campo repleto de oportunidades de aprendizagem e de convites de conexão com propósito.

Acabei de assistir o documentário maravilhoso Innsaei, dirigido por Hrund Gunnsteinsdottir e Kristín Ólafsdóttir. Com a cabeça acelerada, resolvi sentar e escrever (um dos presentes dos meus últimos 12 meses…reconectar com a pessoa em mim que é capaz de escrever, fazer diários e registrar suas emoções, processos e pensamentos), o documentário é o mais lindo presente, todos deveriam assistir (está disponível no Netflix).

Nele há a reflexão sobre nossa conexão interna, sobre o mergulho nas raízes de nós mesmos.

Na antiga linguagem da Islândia, InnSaei é a palavra para intuição. InnSaei em islandês tem múltiplos significados. 

InnSaei significa “o mar interior”. Significa“ver o interior”. InnSaei significa “ver de dentro para fora”.

O mar interior é a natureza sem fronteiras de nosso mundo interior. Está em constante movimento. Vai além das palavras. É um mundo de visão, sentimentos, e imaginação. O mar interior não pode ser posto dentro de caixas porque para de fluir. Ver o interior é conhecer-se. Conhecer-se bem o suficiente para poder se colocar na situação de outro, e para tirar o melhor de si. (trechos do filme)

Se há algo novo e maravilhoso desses desafios todos é que talvez pela primeira vez em minha jornada por essa vida eu sou capaz de ter consciência (infelizmente não o tempo todo…rs) dessa conexão e me percebo capaz de estar no mundo com mais presença, mais inteira. É como se pedaços de mim voltassem para casa e uma bela integração está em processo.

Nas mudanças recentes uma aprendizagem fica cada vez mais clara, não importa o local de trabalho ou o projeto, o que realmente importa é a troca de valor que acontece nessas relações e quando essa troca é realizada em alinhamento com o meu propósito, tudo flui, fica mais fácil e tem um impacto muito maior.

Ainda no documentário há uma fala de Malidoma Somé, PhD (Ancião do povo Dagara) sobre propósito:

Propósito é o fundamento da vida humana nesse planeta. O que ele faz é apagar o sentido de aleatoridade, e ao fazer isso, fornece um certo tipo de significado mais profundo, e reconhecimento do ser humano como tal. Isso serve para manter a intuição viva, porque se eu tenho um propósito, eu sei que não é outra pessoa, não é a escola, não é a instituição, que me diz que tenho um propósito. É o mundo inteiro que está me olhando como uma entidade proposital. O que estamos vivendo tem uma resposta profunda dentro de nossos ossos, e se nos afastássemos por um momento das distrações deste mundo, de todas as verdades escritas e chocantes, associadas com o mundo externo, perceberíamos que há respostas sutis, sussuradas em nossos ouvidos internos, carregadas por nossos canais intuitivos. Para isso, é preciso entrar dentro de mim, ativar minha intuição e então, expor o propósito para mim. (trechos do filme)

Com essas lindas reflexões, InnSaei foi mais um presente que recebi, que me faz seguir nessa jornada por uma vida plena, saudável e conectada. Sigo na busca de encontrar maneiras de manter-me no centro de mim mesma e poder apoiar o maior número de pessoas a encontrarem seus próprios caminhos de conexão e propósito, a saúde então será uma consequência.

E finalmente, InnSaei significa ver de dentro para fora. Ver de dentro para fora é ter um forte compasso interior. Assim você pode navegar da sua maneira neste mundo. (trechos do filme)

Publicado no LInkedin em 20/11/2017

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